Na última
sexta-feira (14/10/16), visitamos o Parque
Estadual da Pedra Branca. O parque contém vegetação nativa da Mata Atlântica e era uma fazenda durante a época da colonização. Ele acabou dando nome a uma das estradas que
dão acesso a ele, chamada de Pau da Fome,
que é como era chamada uma das figueiras localizadas na fazenda, em que os
escravos se sentavam para comer.
Chegamos ao
local em torno das oito horas da manhã, logo após a chegada fomos agraciados
pela presença de um tucano de bico preto,
repousando em uma árvore, e um exemplar de pau-brasil,
plantado na entrada do parque. Após sermos apresentados a dois dos guardas
florestais, fomos até uma pequena exposição, que continha cadáveres de animais
conservados em jarros ou através de taxidermia. Entre esses animais estavam tatus, bichos-preguiças, morcegos,
cobras, tamanduás, aranhas e
algumas espécies de pássaros, além de várias construções feitas por esses
animais também terem sido expostas como o ninho de um joão-de-barro. Havia também painéis que tocavam o som de animais
nativos de lá, outros com o mapa do local, além de uma maquete ilustrando as
etapas de replantio das florestas.
A próxima
parada foi o Bromeliário, que foi
reformado recentemente, onde reutilizaram vigas de ferros e outros restos de
uma torre recém-demolida. Lá nos foi ensinado sobre as espécies de bromélias e
suas formas de criações.
Em seguida,
começamos a Trilha do Mel, que foi
inaugurado junto com o Bromeliário, ainda esse ano. O nome da trilha é graças a
inúmeras colmeias de abelhas nativas espalhadas no caminho. As colmeias, em sua
maioria, são decoradas para terem a aparência de uma pequena casa. As abelhas,
por serem nativas do Brasil, não possuem ferrão, ao contrário das abelhas
africanas, que foram trazidas para cá durante a colonização, seu menor número
dentro das colmeias e essa ausência de ferrão as prejudicam ao enfrentar
abelhas exóticas, que acabam invadindo suas colmeias e as expulsando. Essas
abelhas nativas foram cedidas ao parque por uma organização dedicada a sua
preservação. O parque possui uma bela variedade de espécies, incluindo a abelha
guiruçu que, além de não possuir
ferrão, constrói suas colmeias dentro do chão. Há duas colmeias dessa abelha
dentro da floresta, é estipulado que elas cheguem até mesmo a dois metros de
profundidade dentro da terra.
Ainda na trilha, os guardas apresentaram para nós problemas causados graças ao
desmatamento, dando foco especial na questão da falta d’água e do aumento da
temperatura, questões que poderiam ser amenizadas pela presença de florestas. Não
só o desmatamento, mas outro problema também nos foi apresentado durante a
trilha: a ameaça que certas espécies exóticas são para a fauna e flora nativa.
Como citado anteriormente, essa é uma questão presente entre as espécies de
abelhas, mas ela também ocorre com a vegetação, graças a espécies como maria-sem-vergonha, que cresce rápido e
suas cápsulas arremessam as sementes longe, que germinam com facilidade. Essa
espécie, por exemplo, é vinda de Madagascar, o parque também conta com outras
plantas trazidas durante a colonização que acabam concorrendo com as nativas
por nutrientes: as figueiras são um
exemplo disso. Elas crescem suas raízes em cima de outras árvores e se enroscam
em volta delas para alcançarem ao solo, e dessa forma acabam as matando, fomos
apresentados para figueiras em
vários estados de crescimento durante o passeio.
Durante a
trilha, tivemos a chance de ver alguns exemplares de jabuticabeiras, além de aquedutos e fossas para passagem,
armazenamento e decantação da água, construídos quando o parque ainda era uma
fazenda. Esses dutos e fossas, embora sejam considerados patrimônios
históricos, secaram por motivos ainda não encontrados e foram tampados e
retirados pela CEDAE, que preferiu esse método em vez de repará-los.
Também nos
foi mostrado que a escassez de água é um problema muito grave lá dentro, que
causou com que todos os rios, com exceção do Rio Grande, secassem. Até mesmo
uma das represas que era um dos símbolos do parque no site, secou graças a essa
falta d’água. Não se sabe o motivo por trás dessa escassez, pois nenhuma
pesquisa foi feita até hoje para identificá-lo.
Após
finalizarmos a trilha, houve um pequeno intervalo para o lanche, que foi
seguido com uma visita a uma estação de
filtração da água, gerenciada pela CEDAE e encontrada dentro do parque. A
filtração principalmente através do processo de decantação, que através da
gravidade, puxa as impurezas para o fundo enquanto deixa a água limpa passar.
Nossa
última parada foi uma visita ao Rio
Grande, onde nos foi mostrado que, apesar de ser um dos poucos rios de lá
que não secou, seu nível de água diminuiu radicalmente graças à escassez dos
últimos anos. É presumido que esse problema pode ser causado por barragem
ilegais feitas ao longo do rio, mas uma pesquisa adequada nunca foi feita a
respeito. É uma questão que dificulta muito a vida dos moradores de dentro do
local.
Durante
nossa saída do local, que foi em torno das 13h, encontramos com um dos poucos
esquilos nativos do Brasil, que nos acompanhou por parte do trajeto.
Foi um
passeio proveitoso, onde aprendemos muito sobre a fauna e flora de nosso país,
e muitos dos problemas que hoje a assolam. Foi uma boa experiência que devemos
levar em conta para nossas decisões futuras, para o bem de nossa comunidade.
Em breve você poderá encontrar o álbum completo com todas as fotos do passeio em nossa página no Facebook, não deixe de ver!